domingo, 24 de outubro de 2010
Blogs anti-Serra censurados?
sábado, 23 de outubro de 2010
Por que votar no Serra?
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Ao professor Sandro Silva e Costa
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Repressão policial
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Cientista famoso descarta Deus na criação do universo
Nesta semana, Hawking polemizou ao declarar que para a física moderna, Deus não teve participação na criação do universo.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Lula e o preconceito
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Datena x Ateus
domingo, 25 de julho de 2010
Governos atacam direito dos aposentados para enriquecer banqueiros
sábado, 24 de julho de 2010
Crise ambiental e progresso
1 - Introdução
No dicionário, a palavra progresso é definida como melhoramento gradual das condições econômicas e culturais da humanidade, de uma nação ou comunidade. De forma mais sucinta e menos precisa, designa-se progresso como sendo a ação ou ato de progredir.
O progresso do homem ao longo da história está ligado diretamente ao progresso técnico e científico, que, segundo os positivistas, servem a toda humanidade e contribuem para o desenvolvimento desta, imprimindo maior racionalidade às ações humanas.
O aparecimento da pedra lascada, tido por alguns autores como consequência de ação humana, é um exemplo de aprimoramento da técnica. Já a tecnologia está além de um simples aprimoramento desse tipo, ou conjunto de várias técnicas. O que distingue a tecnologia da técnica é a base científica .(KRÜGER, 2001)
Tem-se a ciência como aliada à técnica principalmente a partir da segunda revolução industrial, onde os avanços com relação ao uso da eletricidade foram fundamentais. Hoje, vive-se a terceira revolução industrial, que ao contrário das anteriores, não se limita a produtos de pouco valor agregado. Isto significa que o produto final apresenta elevado valor, mesmo que tenha sido gasto pouca quantidade de matéria-prima.
Desde meados do século XIX, período em que se deu a segunda revolução industrial, combustíveis fósseis não renováveis são utilizados. Seu consumo foi crescente, decorrente do aumento das necessidades do homem. Além disso, a partir desse período, ações consideradas danosas para o meio ambiente se intensificaram.
Decorrente desse processo, catástrofes naturais se tornaram mais frequentes, e hoje o homem têm acesso à informações diárias referentes à queimadas, vazamentos de óleo no mar, depósito de lixo químico doméstico, industrial e hospitalar no solo sem qualquer cuidado, etc. Portanto, pode-se dizer que o homem vive em meio à uma crise ambiental.
A relação da crise ambiental com o progresso pode se mostrar não perceptível vez ou outra. Por tal motivo, neste trabalho se discutirá tal relação de maneira a deixá-la clara, utilizando além da bibliografia citada, os textos Racionalização Subversiva: Tecnologia, Poder e Democracia de Andrew Feenberg e A sociedade em rede de Manuel Castells.
2 - Progresso
3 - Crise Ambiental
4 - Crise ambiental e Progresso - Análises
4.1 Crise e modernidade técnica
Observando a história, podemos buscar alguns fatos no passado, como a tragédia da Ilha dePáscoa, o desmatamento na Grécia antiga ou a perda de recursos biológicos da Europa Medieval, evidenciando que o processo de mudança ambiental e transformação da paisagem não é absolutamente um fenômeno de hoje.
O domínio da técnica cresce a passos largos desde o início da Idade Moderna. Na atualidade, convivemos com duas derivações desse contexto: as novas tecnologias de informação e a crise ambiental. A busca pelo conhecimento que permitiu a tecnologia da informação é a mesma que revolucionou os processos industriais geradores de externalidades negativas. Simultaneamente ao fato de convivermos com a possibilidade de um desastre ecológico, existe também a viabilidade de se aplicar e controlar os avanços da ciência e da tecnologia para construir um mundo mais sustentável - ambiental e sócio-economicamente -, pois as novas tecnologias de informação podem desempenhar importante papel para mitigar os impactos ambientais da produção industrial, ao estimular a produção de mais conhecimento e no desenvolvimento de tecnologias mais apropriadas. A técnica não deve ser alvo apenas de críticas negativas, mas de uma proposta positiva, que aborde critérios para fazer escolhas dentro do mundo técnico[1].
Pensando de modo ecológico, pode-se entender a crise ambiental como o desequilíbrio causado pelo crescimento sem controle das populações e, consequentemente, pelo aumento da necessidade de extração de recursos e bens naturais para abastecer estas grandes populações no determinado habitat. Mas o ambiente deve ser analisado além ecologia, é “complexidade do mundo; é um saber sobre as formas de apropriação do mundo e da natureza através das relações de poder que se inscrevem nas formas dominantes do conhecimento” (LEFF, 2002, 17).
Os sinais de ameaça da crise aparecem em problemas específicos, tais como o (a) desequilíbrio da produção de alimentos e do crescimento da população humana, (b) a redução da produtividade de vastas áreas de terra, (c) o mau uso e a poluição das águas, (d) a mudança gradual dos climas regionais e globais como resultado das atividades urbanas e das técnicas agrícolas, (e) a destruição de importantes espécies da fauna selvagem e a alteração das comunidades naturais e a (f) proliferação de organismos transmissores de doenças e epidemias. Estes problemas são sintomas de distúrbios de processos efetuados a nível de Biosfera como um todo, distúrbios esses capazes de reduzir a níveis mortais a qualidade e a produtividade do meio natural mundial[2].
A população humana atingiu um nível em que as exigências de recursos naturais requerem uma exploração maciça de todos os ambientes terrestres, fluviais e marítimos. A exploração de certos recursos alimentares tais como a pesca marítima (Borgstrom, 1970) está se aproximando de um nível máximo possível. Ao mesmo tempo, o homem mostra-se profundamente ignorante em relação aos fatores básicos responsáveis pela produção destes recursos e relativamente às consequências, a longo prazo, de seus métodos de exploração.
A tecnologia acarretou maiores problemas além dos da super exploração. As atividades agrícolas, industriais e urbanas tornaram-se agentes de padrões globais de poluição, alguns dos quais ameaçam os processos básicos da Biosfera. A tecnologia chegou a um ponto tal que novos desenvolvimentos podem levar a consequências prejudiciais, de caráter universal, antes que possam ser avaliados seus efeitos. (Commoner, 1966).
A ciência e a tecnologia são as instituições centrais da reforma ecológica; elas são as principais instituições de uma economia ecologizada. Enquanto uma das principais causadoras da crise ambiental, a ciência e a tecnologia têm suas trajetórias alteradas: são redirecionadas para o desenvolvimento de processos produtivos e produtos ambientalmente mais sadios e que proporcionem a desmaterialização da produção, ou a desconexão ente fluxos materiais e fluxos econômicos[3].
4.1.1 Crise ambiental e progresso segundo os conceitos de Andrew Feenberg.
Uma das grandes preocupações de parte da filosofia e da sociologia, atualmente, é o desenvolvimento de uma teoria crítica da tecnologia que abranja as condições contemporâneas. Tal preocupação é tributária das correntes dos Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia que proliferaram a partir dos anos 1980 [4]. Sendo assim, pesquisas atuais a respeito dessa nova teoria concentram-se em explicar onde e como estão fincadas as raízes sociais do conhecimento e da tecnologia, objetos pertencentes a um mundo atual centrado no poder, no mercado e na democracia.
A obra de Andrew Feenberg, ao incorporar criticamente a contribuição dos principais pesquisadores contemporâneos dos estudos sociais da ciência e da tecnologia à discussão que havia ficado estagnada nos anos de 1970, quando pensadores marxistas apontavam as implicações da adoção de uma tecnologia capitalista, é imprescindível para aqueles que percebem a necessidade de construir outro futuro.
O texto “Racionalização Subversiva: Tecnologia, Poder e Democracia” é introduzido por Feenberg de forma a citar os limites da teoria democrática, na qual a tecnologia, segundo o autor, é uma das maiores fontes de poder na sociedade moderna e “quando as decisões que afetam nosso dia-a-dia são discutidas, a democracia política é inteiramente obscurecida pelo enorme poder exercido pelos senhores dos sistemas técnicos: líderes de corporações, militares e associações profissionais de grupos como médicos e engenheiros”[5].
Este conceito defendido por Feenberg, de que a teoria crítica depende da participação democrática, tem como principal empecilho o fato de a tecnologia adotada atualmente pela sociedade ter suas bases formadas pelo modelo capitalista vivenciado por todo o mundo. A seguir, apresentaremos um trecho de uma entrevista realizada no Centro Cultural de Belém do Pará, em 27 de janeiro, durante o I Fórum Mundial Ciência e Democracia, realizado como parte das atividades do Fórum Social Mundial 2009 (Traduzida por Sylvia Gemignani Garcia), em que o próprio autor expõe sua idéia a respeito dessa democratização:
A teoria crítica depende da participação democrática. Como você imagina essa participação hoje em dia?
“Bem, precisamos evitar esquemas formalistas. Nós não vamos pedir à população que vote no tipo de automóvel que deseja para o ano que vem. Penso que a maior parte da participação é informal. Parte dela é, com certeza, legalista, para forçar as pessoas a obedecer a lei ou a pagar pelos danos que fizeram. Há outro âmbito de participação pública, que toma a forma de movimentos de protesto e controvérsias na esfera pública. Existem, ainda, consultas organizadas pelos governos, que eles chamam 'júris de cidadãos' ['citizens juries'] em certos países. Na Holanda e na Noruega, por exemplo, reúnem-se pequenos grupos de cidadãos com especialistas, para que eles sejam informados sobre tecnologias específicas. Há muitas modalidades de intervenção e penso que todas juntas estão criando uma esfera pública técnica, na qual a tecnologia torna-se mais um tema sobre o qual as pessoas falam no discurso político. Não há mais um Deus, a quem se deve obedecer” [6].
Segundo Feenberg, alguns teóricos afirmam que a tecnologia não é a responsável pela concentração do poder industrial e que esta questão está relacionada com a vitória do capitalismo e das elites, historicamente falando. Mesmo concordando que a tecnologia moderna tem contribuído para a administração autoritária, esses teóricos dizem que em outro contexto social, a tecnologia poderia ser operacionalizada de forma democrática.
Afim de que a sociedade moderna se enquadre na participação democrática sugerida por Feenberg, serão necessárias tanto mudanças técnicas radicais quanto mudanças políticas. E para afirmar as potencialidades democráticas da indústria moderna será necessário desafiar as premissas do seu determinismo, conhecidas como tese do progresso unilinear e a tese de determinação pela base.
“O determinismo se baseia na suposição de que as tecnologias têm uma lógica funcional autônoma que pode ser explicada sem se fazer referência à sociedade. Presumivelmente a tecnologia é só social apenas em relação ao propósito ao qual serve, e propósitos estão na mente do observador” [5].
A tese do progresso unilinear baseia-se na idéia de que o progresso técnico parece seguir um curso fixo de configurações menos avançadas para as mais avançadas. Sendo assim, o progresso técnico procede a partir de níveis mais baixos de desenvolvimento para os mais altos e este desenvolvimento segue uma única sucessão de fases necessárias. Entretanto, uma análise mais aprofundada do tema nos permite concluir que o desenvolvimento tecnológico não é unilinear, pois se ramifica em muitas direções e poderia alcançar níveis geralmente mais altos ao longo de mais de um caminho diferente.
Já a tese de determinação pela base afirma que as instituições sociais têm de se adaptar aos "imperativos” da base tecnológica. Entretanto, novamente analisando, percebe-se que o desenvolvimento tecnológico não é determinante para a sociedade mas é sobredeterminado por fatores técnicos e sociais.
Sendo assim, as diferenças do modo como os grupos sociais interpretam e usam objetos técnicos é que vai determinar seu destino e suas melhorias. Dessa forma, percebemos a importância em se estudar a situação sócio-política dos grupos sociais, para assim, entender o desenvolvimento tecnológico.
Segundo o autor, “As tecnologias são selecionadas a partir destes interesses entre muitas possíveis configurações. Na orientação do processo de seleção estão códigos sociais estabelecidos pelas lutas culturais e políticas que definem o horizonte sob o qual a tecnologia atuará”[5].
Portanto, as tecnologias são perfeitamente adaptadas às mudanças sociais e o “código técnico” do objeto é responsável pela mediação do processo de escolha das possibilidades apresentadas para o desenvolvimento.
A teoria proposta por Feenberg sugere a possibilidade de revolucionar o conceito de tecnologia. Contudo, os críticos distópicos argumentam que apenas pelo fato de se procurar eficiência ou efetividade técnica já se faz uma violência inadmissível aos seres humanos e à natureza, destruindo a integridade de tudo isso. Cada vez mais esta crítica ganha forças, partindo da observação da realidade e relacionando-a com os perigos cada vez mais próximos com que a tecnologia moderna ameaça o mundo de hoje.
Entretanto, a forma como a tecnologia é aplicada depende do modo em que as demandas contemporâneas são interpretadas. Como por exemplo: sabe-se da necessidade de se fazer uma tecnologia que respeite o meio ambiente, assim como diversas outras necessidades sociais demandam um avanço tecnológico capaz de colaborar economicamente e, principalmente, socialmente, sem agredir os princípios da vida em sociedade.
A definição de tecnologia presente em nossa sociedade atual corresponde a um meio de obtenção de lucro e poder, fazendo com que a preocupação ambiental se torne um tipo de resistência à forma de tecnologia desenvolvida. Para que essa concepção seja mudada, faz-se necessário compreender a tecnologia de modo muito mais abrangente, baseada na responsabilidade para os contextos humanos e naturais da ação técnica.
Dessa forma, o progresso advindo de ações tecnológicas, quando democratizado, não se atém apenas as imposições do mundo material capitalista, e sim a trazer benefícios essenciais demandados pela sociedade de forma a pensar em qual a melhor maneira que pode ser introduzido sem ultrapassar os limites culturais e ambientais, que são fundamentais para que haja harmonia entre o homem e a natureza.
A crise ambiental vivida atualmente é um reflexo deste progresso centrado nas mãos dos senhores do sistema técnico, que ainda desenvolvem a tecnologia sem estudar intensamente os impactos sociais e ambientais que serão causados, ou até mesmo sabem as conseqüências de sua implementação, mas estão profundamente envolvidos com uma questão muito mais econômica do que humanitária, herdada da necessidade compulsiva por avanços tecnológicos presente no sistema capitalista vivenciado pelo mundo atual.
Agora, conhecendo a teoria proposta por Feenberg, será que é possível reverter este quadro de desastres que é acentuado a cada dia? Será que se as pessoas tivessem consciência que seu desejo por bens não fundamentais à vida o meio ambiente não seria melhor preservado? Será que reivindicando a democracia, o progresso traria não só benefícios lucrativos? Não se pode afirmar nada, pois sua teoria depende do entendimento e do objetivo do ser individual para que venha a se concretizar em benefício coletivo, da sociedade como um todo. O que se pode dizer é que sua obra fornece um guia seguro para pesquisadores e fazedores de política que, no mundo inteiro, buscam uma visão crítica sobre a tecnociência que contribua para evitar as catástrofes sociais, econômicas e ambientais que afligem nossa civilização.
5 - Referências Bibliográficas
[1]Oliveira, Ricardo Devides. CRISE AMBIENTAL COMO CRISE DA RACIONALIDADE CIENTÍFICA MODERNA: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA PARA UM OLHAR HOLÍSTICO À CIÊNCIA GEOGRÁFICA. Editora da UNESP, 2009. São Paulo
[2]http://www.photographia.com.br/texto1.htm último acesso em 21/7/2010
[3]Borinelli, Benilson. Instituições e Crise Ambiental: Contribuições da Sociologia Ambiental.
Artigo disponivel em http://www.ssrevista.uel.br/c-v9n2_benilson.htm - último acesso em 21/7/2010
[4]http://www.sfu.ca/~andrewf/coletanea.pdf – último acesso em 19/7/2010
[5]FEENBERG, Andrew. Racionalização Subversiva: Tecnologia, Poder e Democracia.
[6]http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-31662009000100009&script=sci_arttext – último acesso em 19/7/2010
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Quem irá lucrar com a Copa do mundo?
terça-feira, 18 de maio de 2010
Países com boa parte da população ateista, são os mais pacíficos
domingo, 9 de maio de 2010
As mentiras contadas sobre a URSS
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Onde o budismo se encontra com a ciência?
quinta-feira, 25 de março de 2010
Em busca da liberdade, igualdade e eficiência
sexta-feira, 19 de março de 2010
Quaresma
domingo, 14 de março de 2010
E a afronta continua
sábado, 6 de março de 2010
Cristovam Buarque
quarta-feira, 3 de março de 2010
Pra cima deles Dilma
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Economia com face mais humana
http://portal.folhanoticias.com.br/?pg=ler&id=11052
Abraços
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Professores da Usp escrevem carta ao governo
Nós, professores da Universidade de São Paulo, preocupados com o futuro de São Paulo, vimos por meio deste apresentar nosso total repúdio à política pública urbana que vem sendo implementada no Município, denominada “Revitalização da Marginal do Rio Tietê”, que prevê a construção de seis novas faixas de rolamento (três de cada lado) nessa via, consumindo R$ 1,3 bilhão em investimentos do Governo do Estado, da Prefeitura do Município de São Paulo, e das concessionárias das rodovias que usam o trajeto da Marginal.
Tal obra repete práticas de planejamento equivocadas, que levaram a metrópole ao colapso atual. Ao invés de reverter tal lógica, prioriza o transporte individual em detrimento do transporte coletivo, reproduzindo uma política excludente, além da triste tradição brasileira de obras vistosas que beneficiam a minoria e os setores especializados da construção civil. Ela se opõe frontalmente aos princípios de priorização do transporte coletivo sobre o individual constante do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo e dos Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras.
O mais inaceitável é que os dados técnicos ratificam esta urgente e necessária priorização do transporte coletivo. A Pesquisa OD 2007, realizada pela Companhia do Metrô, mostra que: a taxa de motorização da Região Metropolitana é de menos de 20 veículos para cada cem habitantes; metade das famílias da região metropolitana não possui automóvel, parcela essa na qual se concentram as de mais baixa renda; e que um terço das 37,6 milhões de suas viagens diárias ainda é feita a pé, em função das péssimas condições sócio-econômicas da população. As viagens de automóvel correspondem a apenas 11,2 milhões, ou seja, aproximadamente 30% do total.
Se somarmos os gastos de todas as grandes obras viárias realizadas nos últimos 15 anos e daquelas previstas para o Centro Expandido da capital, aonde se concentram os estratos de maior renda, chega-se ao montante de vários bilhões de reais, valor mais que suficiente para a implantação de toda a Linha 4 – Amarela do metrô.
A Cidade do México, tomando um exemplo com alguma similaridade com São Paulo, iniciou o seu metrô na mesma época que nossa capital. Atualmente, apresenta uma rede com 202 km de extensão, face aos tímidos 61 km do metrô de São Paulo. Apesar da aceleração recente do ritmo das obras, o incentivo ao transporte coletivo é insuficiente, pois, mantendo-se o ritmo atual, serão necessários ainda assim aproximadamente 20 anos para alcançarmos a quilometragem da cidade do México.
Por outro lado, o sistema de trens, embora tenha uma quilometragem mais extensa que a do metrô, apresenta serviço irregular, com índices de conforto baixíssimos, espremendo seus usuários em uma concentração de 8,7 passageiros por metro quadrado nos trechos mais carregados no horário de pico, segundo dados da CPTM para maio de 2009. E mesmo o Metrô, que já foi fonte de orgulho quando da sua inauguração, ganhou o triste primeiro lugar em lotação entre todos os metrôs do mundo, segundo reportagens recentes.
Por fim, ressaltamos os problemas ambientais e de saúde publica resultantes dessa opção pelo transporte individual, que consome enorme quantidade de combustível fóssil, sendo que a emissão de gases poluentes por pessoa transportada é bem maior que a produzida pelo transporte público que se utiliza do mesmo combustível. Pesquisas do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP demonstram que a poluição é responsável por 8% das mortes por câncer de pulmão na cidade e que 15% das crianças internadas com pneumonia na rede hospitalar são vítimas da má qualidade do ar na cidade. Mesmo o recente Programa de Inspeção Veicular não consegue resolver esse problema em vista do crescimento da frota de veículos da metrópole que é de 10% ao ano. Além do mais, as obras da Marginal deverão ter impacto metropolitano e regional, porém foram licenciadas apenas no âmbito municipal.
Esse fabuloso investimento em um urbanismo rodoviarista em detrimento da construção de um sistema de transporte público amplo, eficiente e limpo, que atenderia à maioria da população, é um assustador retrocesso, que caminha na contramão da atual preocupação mundial com o meio ambiente. Acreditamos que as políticas públicas urbanas devam ser ambientalmente responsáveis e pautadas pelo atendimento das demandas da maior parte da sociedade. Políticas como aqui apontadas reforçam o caráter segregacionista da nossa cidade, privilegiando os estratos de maior renda e relegando a maioria da população a condições precárias de transporte e mobilidade, com danos ambientais para todos os cidadãos da metrópole. Por fim, esta obra não resolverá os problemas de transito da cidade, e muito menos da própria Marginal do Tietê.